O cenário estava perfeito! Todos os astros estavam alinhados para uma noite memorável: Estreia do Neymar, no aniversário do Neymar, com o time embalado, após uma vitória em clássico, contra o pior time do campeonato, na Vila Belmiro. Mas o Santos não conseguiu sair do empate contra o Botafogo, na partida de ontem, mesmo tendo jogado com um a mais por mais de 30 minutos.
PRIMEIRO TEMPO
O Santos começou o jogo já se lançando ao ataque. Logo de cara, ficou visível que o time estava empolgado, ansioso, afobado pelo clima de alçapão gerado pela torcida e por tudo o que envolvia aquela noite. Nada podia dar errado no niver do Ney. E assim, o time acabou errando muitos passes no meio de campo e cedendo contra ataques para o Botafogo.
Do meio, o mais regular foi Rincón, que acertou um belo chute na trave, de fora da área, após receber bola de Bontempo. Esse, o mais afobado do time, errou muito. Isso é absolutamente normal. É necessário ter paciência com o menino para que ele, cada vez mais, se solte em campo e cometa menos erros. Já Pituca, oscilou demais! Conseguiu bons passes, mas também errou passes fáceis.
O trio de ataque conversava bem quando a bola chegava no último terço do campo. Tiquinho era uma espécie de maestro. Soteldo, o que mais errou dos três e Guilherme, em ótima fase, conseguiu levar perigo em chute de fora da área que o goleiro João Carlos espalmou para escanteio. Também foi em bela arrancada dele que o Santos conseguiu o pênalti (duvidoso, hein?), após revisão do VAR. Mais bonita que a arrancada do Amado, só a atitude dele de deixar o Tiquinho bater o penal. Pênalti convertido: 1×0 Peixe!
Defensivamente, o Santos, literalmente, bateu cabeça no primeiro tempo e só não tomou um gol (ou até dois) porque a equipe do Botafogo foi muito incompetente. Primeiro aos 43 minutos (após a batida de cabeças entre Léo Godoy e Bontempo), Gabriel Risso chuta cruzado, Brazão não alcança, a bola passa vergonhosamente entre as pernas de Alexandre Jesus, que estava de frente pro gol, sem goleiro. Depois, aos 45, em boa jogada de Jonathan Cafú, Brazão evita a finalização de Alexandre Jesus e, no rebote, Jonathan Cafú, de bicicleta, manda pra fora.
Um primeiro tempo no qual o Santos teve mais a bola, mas sofreu para criar chances claras. Levou perigo em chutes de fora da área, abriu o placar de pênalti e quase toma o empate nos minutos finais.
SEGUNDO TEMPO
O Príncipe voltou! Neymar entra em campo, com a mítica camisa 10, do Rei, no lugar de Bontempo. Luisão também entrou, no lugar de Basso. A torcida grita e canta, empolgada e o Santos corresponde e, mais uma vez, se lança ao ataque. Neymar, logo de cara, vira o alvo dos marcadores botafoguenses, que não aliviaram nas pancadas. Aos 5 minutos, após escanteio cobrado por Neymar e ‘bate rebate’ na área, a bola sobra para Guilherme, que fuzila a trave!
O Botafogo responde aos 13, com Silvinho, que recebe pelo lado esquerdo do ataque, entra na área e toca por cima, na saída de Brazão. A bola bate no travessão e vai pra fora. Aos 15, uma jogada de cinema de Neymar, que recebe de Soteldo, quase no bico da grande área, do lado direito do ataque, ameaça chutar, limpa o primeiro, ameaça novamente, limpa o segundo e arremata de perna esquerda para grande defesa de João Carlos que ainda divide o rebote com Léo Godoy.
O empate botafoguense veio aos 21, adivinhem só, em uma bola aérea. Escanteio cobrado, Alexandre Jesus antecipa o zagueiro Luisão e cabeceia livre para anotar o gol de empate (com direito a comemoração provocativa, ala Neymar). O Santos ainda teria a vantagem de jogar com um a mais após a expulsão de Wallison, aos 26 minutos e aí virou ataque contra defesa. Sairam Soteldo e Luan Peres, para entradas de Thaciano e Gil.
João Carlos, em duas oportunidades demonstrou coragem ao sair para dividir, primeiro com Guilherme, depois com Léo Godoy. Guilherme carimbou a trave mais uma vez, aos 37. Aos 41, uma substituição tardia, de um volante (Rincón), por um centroavante (Luca Meirelles), que não foi o suficiente para tirar o empate do placar. O Santos empatava com o pior time do campeonato paulista, no retorno de Neymar ao Peixe.
O LADO BOM
O Santos não fez uma má partida. Aliás, alguns conceitos de jogo da atual comissão técnica mostraram evolução, como a subida das linhas para marcar no campo do adversário, muito mais coordenada do que em partidas anteriores. O Santos foi ofensivo, buscou o ataque a todo momento. Foi um daqueles jogos nos quais a bola insistiu em não entrar (foram 3 bolas na trave).
Tiquinho Soares desencantou! E sobre isso, não podemos deixar de falar do belo gesto do Guilherme, que poderia ter batido e aumentado a sua artilharia da temporada, mas preferiu contemplar o recém chegado centroavante. Uma atitude que mostra que o elenco não sofre problemas de ego. Além do gol, Tiquinho fez mais uma partida muito boa!
Além disso, obviamente, ver Neymar voltar a desfilar o eu futebol com o manto sagrado na Vila foi algo indescritível! A imagem dele entrando em campo e erguendo as mãos ao céu, não vai sair da memória de nenhum torcedor. E o Ney jogou muito bem! Mostrou que tem uma facilidade para achar os companheiros no ataque, mostrou que dá conta de resolver sozinho, se precisar (pena que o João Carlos fez uma defesaça e impediu o golaço do Príncipe), pareceu estar a vontade e bem fisicamente. Obviamente, ele pode e deve melhorar. Mas ontem, ele mostrou mais do que a maioria esperava que mostrasse.
O LADO RUIM
Bola na trave, não altera o placar (já dizia Samuel Rosa) e o que era pra ser o niver perfeito do Ney, acabou sendo, nas palavras do próprio Ney, amargo. O time do Santos, pode e deve fazer mais, principalmente contra adversários das divisões inferiores.
A bola aérea defensiva do Santos continua sendo um problema gravíssimo! São 7 gols de bola aérea em 7 jogos. Uma deficiência clara do sistema de jogo de Pedro Caixinha que precisa ser consertada com urgência. Dessa vez, nos custou a vitória. Em outras ocasiões, nos causou derrotas. Esse é o nosso calcanhar de Aquiles e merece atenção especial da comissão técnica para que não continue sendo fonte de gols adversários com tanta facilidade.
O empate impede que o Santos abra vantagem e garanta a classificação para a próxima fase do paulista. O Peixe é líder do grupo B com 8 pontos. O Guarani é o segundo colocado, com 7 e pode passar o Santos se vencer o seu jogo de hoje, contra o Água Santa, no Brinco de Ouro. Portuguesa, com 6 e Bragantino com 5, já fizeram seus jogos da rodada. Mas o próximo jogo do Santos é contra o Novorizontino, fora de casa (nosso histórico contra eles não é bom) e a Portuguesa, na próxima rodada, pega a Inter de Limeira em casa. O Santos precisa, urgentemente, de uma vitória na próxima rodada.
O FUTURO AINDA EMPOLGA
O Santos pode não ter o elenco perfeito, mas tem, sim, elenco suficiente para brigar pelo título paulista. A linha de frente do time tem muitos jogadores que podem desequilibrar. Fora isso, ainda tem jogadores que vão estrear (Verón, Barreal, por Deivid Washington) e outros que ainda podem ser contratados (como o Rollheiser) e isso tende a deixar o poderio ofensivo do Santos ainda maior.
Se o time seguir evoluindo coletivamente e melhorar algumas questões defensivas como a bola aérea, tendo as opções ofensivas que tem, incluindo Neymar, um extraclasse, à disposição, com certeza vai chegar nas fases finais do campeonato paulista. E aí, tenho certeza que Neymar e companhia vão entregar o que têm de melhor para conquistar esse caneco.
NOTAS
Gabriel Brazão: quando foi exigido, no primeiro tempo, salvou o Santos. Não teve culpa no gol de empate. NOTA 6
Léo Godoy: bateu cabeça na defesa, não ajudou no ataque. Partida fraca. NOTA 4
Basso: lento, apesar de demonstrar muita vontade. NOTA 5
Luan Peres: desatento, apesar de bom, tecnicamente. NOTA 5
Escobar: partida tímida. Não foi tão firme na defesa quanto costuma ser. NOTA 4
Rincón: o mais regular do meio de campo. NOTA 7
Pituca: oscilou entre bons passes e erros amadores. NOTA 6
Bontempo: afobado, errou muitos passes no primeiro tempo. NOTA 3
Soteldo: primeiro tempo ruim, segundo bem melhor. NOTA 6
Guilherme: duas bolas na trave, arrumou um pênalti. Vive ótima fase. NOTA 7,5
Tiquinho: desencantou! Como faz bem a parede! Mas subiu mal no lance do gol de empate. NOTA 6,5
Neymar: jogou mais de 45 minutos bem! Chamou o jogo e quase faz um golaço! NOTA 7
Luisão: entrou para melhorar a zaga, mas falhou no gol de empate. NOTA 3
Thaciano: entrou muito bem e cheio de vontade. Poucos minutos, mas muito bem! NOTA 6
Gil: não existe ‘se’ no futebol, mas se ao invés do Luisão, colocasse o Gil… NOTA 6
Luca Meirelles: não teve minutos suficientes. SEM NOTA
Pedro Malta: algumas escolhas não fazem sentido (Léo Godoy, Basso, Gil reserva). Quando ficou com um a mais, tirou um zagueiro e colocou outro, tirou o Soteldo e colocou o Thaciano pra jogar mais recuado. Só tirou um volante e colocou um centroavante depois dos 40. Fora mais um gol de bola aérea. Muito mal. NOTA 3